Depois do homem sem nome da trilogia dos dólares, de Sergio Leone, o inspector Harry Callahan, também conhecido como Dirty Harry (o título original de «A Fúria da Razão»), é capaz de ser uma das personagens mais icónicas interpretadas por Clint Eastwood. Foi precisamente neste «A Fúria da Razão» de 1971 que o realizador Don Siegel, a par de Leone um dos grandes mentores do Eastwood realizador, nos apresentou este agente da lei sui generis, que cumpre os seus princípios sem prestar contas a ninguém. Quanto mais o Mayor de São Francisco.
É nas ruas da cidade da Golden Gate que Callahan trabalha. Na sua estreia a missão é apanhar Scorpio, um psicopata livremente inspirado no verdadeiro Zodiac (caso verídico que atormentou São Francisco durante a década de 1970 e que chegou aos cinemas em 2007 pela câmara de David Fincher - numa das cenas, se a memória não me atraiçoa, as personagens deste filme chegam mesmo a ir ao cinema ver «A Fúria da Razão»), que resolve começar a matar os habitantes da pacata localidade. Teve azar, foi precisamente Dirty Harry o agente escolhido para ir atrás dele.
«A Fúria da Razão» é um bom policial, que faz parte de uma das épocas de ouro do género. Só pela personagem principal já vale a pena ver, apesar de ser o típico anti-herói. Pragueja contra tudo e contra todos, é racista e sexista e tem uma forma bastante peculiar de evitar um suicídio: um murro no candidato é o que basta para este não se atirar do alto do prédio. E os diálogos, apesar de politicamente incorrectos, são delirantes. Quem nunca viu ou sorriu quando Harry pergunta o mais do que mítico: «Do I feel lucky? Well, do you, punk?», que atire a primeira pedra. Para quem não viu, o vídeo está ali em baixo.
Nota: 4/5
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